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23.11.05

Ausentou-se a flor em parte incerta

«Extremosa (Lagerstroemia indica), tagetes, miosótis, amores-perfeitos e camélias: em 2004, tudo isso existia e dava flor no pequeno largo onde a rua do Rosário faz esquina com a rua D. Manuel II. O pavimento à volta do canteiro triangular era em calcário, igual ao que ainda hoje se vê na rua do Rosário; e, bordejando o passeio, havia uma pequena sebe pontuada por três ou quatro jovens camélias de que então fotografámos as flores.

Este ano o ciclo das estações não foi marcado no largo pelo regresso das flores, cada qual na sua época própria. A modernização acéfala em que a cidade se vai perdendo obriga à abolição dos canteiros e à progressiva petrificação do espaço público. Por isso, onde antes havia terra vivificada pelo colorido das flores, temos hoje o cinzento sujo e mortiço do granito. » Paulo Ventura Araújo
(Publicado no Dias com Árvores)

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